sábado, 10 de dezembro de 2011

Máquina de Fazer Machos

                                           
É comum ouvirmos dizer que a sociedade é composta de homens valentes e viris, ou seja, “cabras machos, cabras da peste”. Dentro desse contexto Durval Muniz tenta conceituar e exemplificando quais as características que formam um homem com estes atributos, assim ele recorre a uma breve avaliação do corpo do homem encontrando traços que por sua vez traduz o masculino do homem. O corpo não deve escapar em nada parecer em algum momento com o feminino, sempre com músculos, em permanente estado de tensão, corpo rude que se mostre suor e testosterona. Corpo onde se ressaltem pêlos, músculos, que transpareça força e potência. Um macho de verdade não demonstra fraqueza, não chora, não deixa transparecer suas emoções. Talvez o verdadeiro macho se encontre nos gestos, em seu comportamento e em sua maneira de ser, sua agressividade é uma maneira de provar seu poderio exigindo por parte das mulheres em especial total submissão. O macho é objetivo, racional, até frio e cruel, calculista, não se deixando levar por sentimentos. Um macho é desleixado, sem vaidade, é um homem natural, sem artifício, sem polidez. O movimento feminista foi de grande importância na tentativa de descontruir esse estereótipo, desnaturalizando o feminino e o masculino, já que são construções sociais. Para Durval Muniz “as guerras e conflitos sociais de toda ordem, as revoluções no Ocidente, sempre estiveram apoiadas numa mística da virilidade, da força, da valentia, da coragem, uma idolatria do masculino guerreiro”. Dessa forma, observa-se que o a afirmação constante da masculinidade deriva do permanente estado de competição, gerando a falta de cuidado com o outro e consigo mesmo, onde também se faz notório a violência dos homens contra as mulheres, que é constituída na masculinidade do homem como forma de subjetividade. Na sociedade que é uma maquina de fazer machos, estes só gostam de si mesmo ou apenas daqueles que julgam serem dignos de admiração. Os homens devem perceber antes de qualquer coisa a necessidade de se redefinirem pautando as perdas e danos recorrentes dessa faceta, se abrir para aprender com o outro avaliando a positividade do diferente, do feminino. A construção de novos tempos é necessária para se repensar nas diferenças que marcaram e dividiram a sociedade, nos quais as mulheres foram acarretadas de afazeres familiares, onde passou a e intensificar as atitudes de homens insensíveis e cada vez menos solidários. Mas, para que os novos tempos sejam melhores é necessária uma reavaliação de conceitos e práticas em cada relação em que nos encontramos, assim estaremos gerando uma sociedade não mais baseada nos estereótipo, na desigualdade profunda entre homens e mulheres, de hierarquias de papéis e de status fundadas no sexo, mas numa sociedade mais capaz de se abrir para o diferente, de amar e respeitar o diferente, buscando formar a respeito de cada uma destas diferenças conceitos que evitem o preconceito e passarmos a sermos mais conscientes. É preciso deixarmos de ser machos ou fêmeas, para sermos melhores seres humanos.


ALBURQUERQUE, Durval Muniz Junior de. Máquina de fazer machos: gênero e práticas culturais, desafio para o encontro das diferenças. 

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